A Idade das Cinzas e o Nascimento do Blight
Sem dragões para moderar o fluxo de mana e acalmar as fricções entre conceitos, o mundo entrou em uma nova fase.
À primeira vista, uma fase gloriosa.
Com os dragões mortos ou dispersos, reinos se ergueram sobre ruínas:
Cidades que antes dependiam de orientação dracônica passaram a decidir suas próprias leis.
Magos que antes precisavam pedir permissão para testar rituais arriscados passaram a experimentar sem supervisão.
Generais que temiam a intervenção de uma asa no céu agora viam o horizonte limpo de criaturas gigantes.
Por um século inteiro, histórias de grandes conquistas preencheram tavernas, arquivos e canções:
cidades fortificadas erguidas onde antes havia apenas acampamentos,
academias arcanas independentes,
expedições para territórios inexplorados,
eras de ouro para certos reinos.
Enquanto isso, mudanças mais sutis aconteciam sob os pés de todos.
Sem o ajuste fino dracônico, o mana começou a se acumular e esvaziar de forma errática:
Algumas regiões ficaram saturadas – florestas de folhas luminescentes, rios que sussurravam, montanhas que vibravam à noite.
Outras ficaram exauridas – terras que não aceitavam mais sementes, poços secos de um dia para o outro, vales onde o som parecia preso.
Esse desequilíbrio prolongado deu origem à primeira manifestação clara da ferida:
o Blight.
No início, ninguém chamava de Blight. Eram só “campos ruins”, “bosques estranhos”, “rios mortos”.
Mas estudiosos atentos perceberam um padrão:
onde o equilíbrio havia sido mais violentamente rompido (batalhas massivas, rituais de sacrifício, experimentos arcanos irresponsáveis), o mundo parecia estar tentando se desligar daquela área.
Cores sumiam.
Cheiros desapareciam.
Magia funcionava com atraso, ou de forma distorcida.
Com o tempo, começaram a surgir criaturas nascidas nesses locais – seres sem nome, parcialmente corpo, parcialmente conceito mal resolvido:
sombras que continuavam andando mesmo sem corpo,
animais com olhos demais, ouvindo sons que ninguém escutava,
fragmentos de luz que queimavam não carne, mas memórias.
E assim surgiram os primeiros Remnants.
Em vez de ver nisso um aviso, grande parte dos mortais viu oportunidade:
para estudar novas magias,
para extrair recursos únicos,
para usar o medo do Blight como ferramenta política.
Enquanto os poderosos disputavam territórios e recursos,
as Ashen Lands se tornavam um mosaico de zonas saudáveis, áreas moribundas e feridas abertas.
O mundo ainda não estava morto.
Mas sua estabilidade havia sido quebrada